sábado, 16 de abril de 2011

sopro de sol*

(as noites tornaram-se dia, a chuva tornou-se sol, e a pedra tornou-se caminho. )

eram 16h, sentia o calor abrasador a agarrar o meu corpo de uma forma impressionante, e estranha para o mês de abril, portanto, decidi entrar na loja, e quando o fiz, os teus olhos grandes, bem redondos e perfeitos, de um castanho chocolate, terno e íntimo, estavam fixados a observar. como sempre, coloquei o olhar sobre ti, e não o retirei tão cedo, gostava de "intimidar" as pessoas com o meu olhar mas tu não te deixaste abalar. estavas a reter conversa com alguém, tinhas de o fazer, era o que um bom filho fazia, ajudar os pais, e tu estavas a fazê-lo; a dar as tuas férias para os ajudar.. nas quebras da conversa, desviaste o olhar para o local onde me encontrava, e nesses momentos eu não afastava o olhar, não por não o querer, mas sim porque algo me prendia o corpo, algo extremamente forte, simplesmente mágico talvez, um olhar, um claro olhar.
viraste costas por uns momentos, e aproveitei a deixa para sair, estava a ser forte de mais para as minhas pernas aguentarem,visto que estava a perder a noção de equilíbrio. mal saí da loja, tive de me recompor, podia estar muito calor, mas não podia dar essa desculpa para o meu comportamento “alienado”, e numa questão de segundos, aquele momento mágico parecia ter sumido da minha memória, mas passadas 6 horas, após fechar a porta do quarto, sentei-me, abri o caderno, e  a magia assumiu as minhas mãos, começei a escrever.. «eram 16h, (…)   foi uma troca de olhares intensa, e ali o meu coração parou, por momentos. (…)um claro olhar. (…) »



(foto da net)

domingo, 3 de abril de 2011

posso não ter muita sorte, mas safei-me

acordei de manhã, era só mais um sábado rotineiro.. o meu irmão tinha jogo de futebol, portanto o meu pai ia leva-lo. levantei-me por volta das 9h, a minha mãe disse algo do género de:
- "sabrina, vou ao continente, vai vendo o frango que está no forno para não queimar"
eu disse que o fazia, era só o tempo de tomar banho.. necessitava de um bom banho; despi-me, entrei no chuveiro e liguei a água quente, depois mudei para a água fria, aproveitei a sensação. estava calor, portanto, não me fazia diferença nenhuma tomar banho de água fria. quando acabei, embrulhei o corpo numa toalha, e fui-me vestir. sequei o cabelo, e liguei o computador. entretanto, dava sempre um saltinho à cozinha, tal como dissera à minha mãe.
o meu irmão já tinha voltado, e o meu pai voltou a sair.
faltavam 15 minutos para o meio-dia, e essa foi a última vez que abri o forno, e mexi na "travessa" do frango. o meu irmão estava na cozinha, estava a comer um panic de chocolate, e perguntou-me o que estava a fazer, eu disse-lhe que estava a ver se o frango não queimava, olhei para ele, e no preciso momento em que estava a virar a cara para o forno, a travessa escorregou-me das mãos, não sei bem como, fugiu-me. gritei, estava a morrer de dores, vi o óleo quente nos meus joelhos, estava a queimar-me a pele, parecia uma chama a tentar passar de uma ponta à outra, queria andar e só consegui dar uns 5 passos, o suficiente para me afastar do fogão. o meu irmão paralisou por umas milésimas de segundo, que aprofundavam o meu sofrimento, e eu gritei-lhe, entre lágrimas e gemidos de dor:
- "ÁGUA, ARTUR, PRECISO DE ÁGUA!"
e, como que por reflexo vi o braço dele a esticar-se até à caneca de água que estava em sob a mesa, sem qualquer hesitação, a perna esquerda ardia cada vez mais, e gritei novamente. não conseguia subir as escadas do quarto, mas cheguei lá, e as calças estavas coladas à pele, não queriam sair. e, uma parte de mim, não queria que saíssem.. tinha medo do que poderia ver lá, tinha muito medo de como as minhas pernas estariam, ou ficariam. ambas as pernas estavam vermelhas, não lhes conseguia tocar, as lágrimas voltavam a cair do olhos, doía imenso. o meu irmão veio ter comigo para me ajudar, já tinha ligado ao meu pai, e fomos para a casa de banho, ficamos 20 minutos, sem exageros, a molhar as minhas pernas com água, e dois minutos após a minha mãe chegar, apareceu o meu pai, e levou-me para o hospital. mal entrei nas urgências, a recepcionista perguntou-me se era doença ou acidente, quando lhe expliquei o que se tinha passado mandou-me para a triagem, na triagem deram-me a pulseira amarela,

 creio que está num nível intermédio de urgência, e da triagem fui para a sala de espera da "pequena cirurgia". conheci lá uma mulher, reformada, antiga professora, que deixou cair lixívia no olho, ela tinha a pulseira vermelha, e ia ser transferida para braga. foi simpática, ofereceu-me metade da sua sande, mas eu não tinha fome. foi irónico o facto de me ter queimado a fazer o almoço e nem chegar a almoçar.
entrei na salinha, e começei a fazer filmes na minha cabeça, a pensar que ia ser operada, mas depois lá disse "okay sabrina, não sejas estúpida, foi só uma queimadura, não te vão operar por isso". levei uma injecção no rabo, fizeram uns tratamentos quaisqueres e ligaram-me as pernas:


tenho queimaduras de 1º e 2º grau, lindo hein -.-

consequências?
não posso apanhar sol no verão
não posso fazer física pelo menos esta semana
não sei se posso ir à caminhada pascal
tenho comichão e muitas dores na perna esquerda


sabrina castro.

A minha foto
• não nasci para te agradar. não gostaste? morre diabo !